domingo, 21 de novembro de 2010

ODE A AFRODITE

   Esse poema de Safo (poetisa da Grécia antiga) me acompanha há alguns anos... Sempre releio, para lembrar que  o amor é uma dádiva muito rara e que poucos sabem, realmente, lidar com ele.
 
Em teu trono ofuscante, Afrodite
Sagaz filha eterna de Zeus
Eu imploro: não me esmagues
de aflição
vem a mim agora, como certa vez
ouviste meu longínquo lamento, e cedeste,
e te ausentaste furtivamente da
casa de teu pai
para atar pássaros em tua áurea
carruagem, e vieste. Vistosos pardais
trouxeram-te ligeira para
a sombria terra, suas asas vergastando o médio céu.
Feliz, com teus lábios perenes, sorriste:
“O que há de errado, Safo, por que me chamaste?
O que deseja o seu tresloucado coração?
Quem deverei fazer amar-te?
Qual delas voltou as costas a ti?
Deixa que ela fuja, logo virá atrás de ti.
Recusa delas os favores, e logos serão teus.
Ela te amará, ainda que não saiba nem queira.”
Vem pois agora a mim e liberta-me
da espantosa agonia. Labora
por meu tresloucado coração. E sê de mim aliada.

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