Depois de postar o texto que escrevi, há alguns anos, baseado na fotografia das balas Soft (ela ainda é all times favorite picture), recebi outra imagem capturada pelo mesmo fotógrafo, o Leonardo Fosse, que em seu site, tem o título de Jardim Secreto.
Eu, rebeldíssimo, já resolvi mudar o título da foto, pelo menos aqui, onde tudo acaba se tornando meu. Aqui, ela será Memories:
Olhar dois bancos vazios, para mim, sempre representou a ideia clássica de ausência, de saudade. Mas nessa foto, a ausência de pessoas é a presença é a lacuna que sempre temos e que algo muito bom nos preenche. É a presença de afeto, de sutilidade, de carinho, de delicadeza: da memória de boas emoções. E somente nós, humanos, podemos sentir em toda a plenitude.
A visão que não temos do horizonte parece proposital: o céu olha-nos nessa foto. E somos aqueles que acabamos de sentar naqueles bancos. Enxergo até as marcas de pés, daqueles que pegaram duas folhas de uma cúmplice do momento: a árvore, calejada e muda em sua sabedoria de vegetal.
Minhas memórias levam-me para o livro As brumas de Avalon, de Marion Zimmer Bradley, quando as personagens Igraine e Uther sentam-se no alto de uma falésia e rememoram suas vidas passadas. É uma das partes que mais me emocionaram no livro e, evidentemente, o que me provoca compartilhar a foto.
Essa Memories é querida pois resgata-me uma verdade: por mais que enxerguemos a ausência, é a certeza de que o que estava ali que faz valer a pena. E é por isso que posso chamar essa foto de ARTE.
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