Eu fui abençoado com os livros da Márcia Frazão. Comecei a deixar de ser um adolescente preconceituoso, chato, que acreditava ser o meu umbigo o centro do universo. E o caminho deu-se por algumas obras:
Neles, aprendi que ser humano é ser coletivo, é deixar-se vivenciar, sentir o mundo e ser sentido por ele. É mergulhar, sem medo, no que há de mais profundo de si.
Com meus nós desfeitos, recebi Afrodite, que só se aproximou de mim depois de constatar a dissipação de todos os valores que eu carregava como um fardo. Seu corpo traçava as ondulações da serpente mítica, aquela que indicou às mulheres os caminhos transgressores e a curva própria dos desejos ilícitos... de seus olhos explodia o vulcão luxurioso das noites em que as fêmeas uivam para a Lua, expostas como uma flor indecente à procura de uma narina gulosa que a engula. Suas mãos exibiam o balé profano das carícias proibidas, o contorno infernal dos tabus e a curiosidade das explorações obscenas.
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