domingo, 4 de dezembro de 2011

QUANDO EU ERA BULLYINGNADO

Quando eu era mais novo, todo dia era sempre o mesmo ritual, de sair de casa pensando em como me tornar invisível, como não ser notado na escola,  para que os meninos maiores que eu não me provocassem, não me apontassem, ou rissem de mim. Meu maior desejo, naquela época, era o de ser transparente. Sempre me escondi nas pilhas de livros da biblioteca da escola e na sala de aula, durante todo o recreio. Raramente brincava com os colegas e só saía da sala quando era muito necessário.
Depois que cresci um pouco mais, na adolescência, quando comecei a me entender e a decifrar meus próprios símbolos, vi que precisava ir além da minha concha, pois criar uma capa dura e impenetrável (a timidez e a mudez) não me ajudariam em nada na vida. Soltei-me mais, comecei a fazer teatro na escola, entendi que o que eu sofria era mais do que pessoal: aqueles que me ofendiam precisavam exorcizar seus próprios demônios e eu era a bruxa escolhida por aqueles inquisidores medievais.
Foi mais ou menos quando percebi a única profissão que eu poderia seguir era a de professor. Naquele momento, vi que eu tinha de fazer tudo aquilo que meus professores não fizeram por mim: tentar enxergar um pouco mais os alunos, principalmente aqueles que não conseguem ter o direito de voz e libertá-los da angústia de se sentirem culpados por algo que não cometeram. Assim, eu tento ajudar não apenas os que passam pelas minhas aulas, mas ajudo também a um menino tímido, de grandes olhos azuis, que sempre sentou na primeira fila e tinha as melhores notas da turma: minha criança interior.
Acabei de assistir a esse vídeo, publicado no Facebook pela Pandora Boxx, uma drag queen americana, que na adolescência tentou se matar, mas graças aos deuses, não conseguiu. Declarou que sempre sofria bullying na TV americana, num reality show de drags, sendo eleita pelos USA como Miss Simpatia do programa. Ela, como eu, encontrou um meio de se libertar do bullying, do medo, do sentimento de culpa e da angústia ajudando os outros. Eis o link do vídeo:

VÍDEO DO JONAH





sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

UM PRESENTE QUE GANHEI!

Ontem, na formatura do CBO, a queridíssima Nathália Cristine me presenteou com um lindo ramalhete e este texto mais lindo ainda, que fala com a alma, com o coração e com a experiência de quem sabe o que dizer. Obrigado, amore!

Ser professor é indiscutivelmente, fazer parte da espécie mais rara que existe e que infelizmente está entrando em declínio. Ser pai, mãe, avô, avó, psicólogo ou até mesmo aluno, são algumas das inúmeras facetas que eles precisam assumir em diferentes momentos, para nos acompanhar. Por falar em acompanhar, estou aqui a fim de prestar uma homenagem para um dos melhores mestres que me acompanhou até hoje, àquele que conduziu a turma desde o primeiro ano e que foi escolhido como o paraninfo, Luiz Gasparelli. 
Entre inumeráveis momentos ao longo do ensino médio, fico me perguntando como não lembrar das maravilhosas aulas da qual usufruirmos ao seu lado. Pode estar certo Luiz, a cada leitura feita em sala, absorvermos algum conhecimento, por menorzinho que seja, mas que com certeza nos ajudará a enxergar o mundo de maneira mais simples. O fato é: Teremos o nosso olhar, dentro do seu olhar. Você nos fez conhecer a literatura e admirar a arte como uma das mais belas manifestações humanas e por isso, eu acredito ser o meu desejo e o de todos, registrar aqui um muito obrigada, um muito obrigada de coração por todo seu esforço como professor e pessoa. Sei que agora, encerramos um ciclo e partiremos para o próximo, buscando um futuro em que será a hora de colhermos os frutos que semeados até agora com a participação indispensável de mestres, como você.
Desta forma, termino meu discurso com uma frase de Fernando Pessoa : “O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas imcomparáveis."


quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

TEXTO DA FORMATURA CBO 2011

Primeiramente, gostaria de deixar claro que todas aquelas cartas no simulado, além de me fazerem chorar pra dedéu, não alteraram a correção das provas. A cada ano, novas despedidas, novos momentos de alegria e tristeza com os abraços, o sentimento de dever e missão cumpridas, de amizades que durarão para sempre.
Como num filme, vivemos nossa história, com começo confuso, numa turma barulhenta, mas alegre, num meio produtivo, com muitas descobertas e afeto e um final, que como os do filme de Chaplin, indicam sempre uma continuidade.
Nesse ano, resolvi não falar apenas dos alunos. Vou falar de outras pessoas, tão importantes quanto. Escolhi algumas mães para homenagear. Não foram por sorteio, mas por um motivo específico: são mães de segundo, até terceiro filho que vejo formar, que participo desse momento. Rita, mãe de Bruno e Lívia, ex aluna e amiga de todas as horas, Cristina, mãe de Amanda e Max, a família gênio, Verônica, mãe de Bianca e Brenno, os filhos mais dengosos, Luciana, mãe de Carlos Vitor e Lucas, os meninos de ouro, Luiza, mãe de Liz e Thaís, minhas duas xodós, Carla, mãe de Lucas, Camila e Lícia, a família cheia de luz, e Noeli, mãe de Victor e Gabriel, os dois pimentinhas: obrigado pela confiança e parabéns por filhos tão incríveis! Vocês representam todas as mães, pais, tios e avós aqui presentes, pessoas que investem na felicidade e no sucesso de seus filhos.
Mas faço uma pergunta, não apenas a essas mães, mas a todas as mães e pais aqui presentes: gostaria de saber se vocês fazem parte de algum projeto biotecnológico de mutação genética, tipo X-Men, pois seus filhos são muito especiais, todos têm talentos e tanto brilho, que parecem estar um passo a frente da gente. Parabéns pela linda educação que vocês deram e  dão a eles.
No nosso caminho, temos sempre muitas opções, muitas possibilidades para conduzir a vida. Uns optam pela tristeza e pelo rancor, pelo desacerto e pelo confronto com o mundo. Outros, mais felizes, tentam sempre se deixar envolver pela vida e pela beleza do mundo, contagiam com luz e alegria as pessoas. Vocês, definitivamente, me contagiaram, e sempre terei no coração a sua alegria. De cada turma, eu guardo uma lembrança, um símbolo. De vocês, acho que ficaram os filmes. Falamos tanto de cinema, que é assim que me lembrarei de vocês. Por isso, pensei em vários filmes para traduzir vocês.

Amanda, Larissa Carvalho e Caroline: O filme de vocês é Três vezes amor, pela linda amizade e por amá-las!
Ana Julia , 100 escovadas antes de dormir, sempre pensando assustada no que fará da vida! Fará tudo certo, minha linda!
Analice, o seu filme é O Mágico de Oz. E você é a Dorothy que sempre me levou pelos caminhos de ouro e da delicadeza.
Bernard, Victor, Thiago e Lucas Crespo, só podem ser Os Saltimbancos Trapalhões!!!
Bianca, Larissa Borges, Luiza e Nathaly: Sex and the City, pois vivem de fuxicos e cheias de charme nas aulas!
Bruna e Isabela são as Crossroads, amigas para sempre!
Bruno Irabi, o American Pie da sala!  Sempre envolvido nas cenas mais bizarras e cômicas!
Bruno Leite, Carlos Eduardo e Nicolas Igor , Os Intocáveis, que não têm medo de se renovar e vencer os obstáculos da vida.
Camila, Karoline e Ully Mulheres à beira de um ataque de nervos! Mas pra mim, estão é à beira de um futuro incrível!
Carina, Poderosa Afrodite, amante de sex on the beach!
Carlos Vitor, o que lembra os filmes épicos, como um herói exemplar e cheio de integridade.
Daniel, o Talentoso Ripley da sala, menino brilhante!
Davi, quem mais, além de Batman, mas aquele mais amigo e sincero, o do seriado da década de 70.
Felippe, Marcos Emanuel, Thales, Nicholas e Matheus Xavier; Os Narradores de Javé, os faladores da sala!
Gabriela, a cineasta da turma, é o cinema metalingüístico, cheia de genialidade!  
Gregory, para você, eu não sei. Você é tantos filmes! Para vc, eu digo o cinema todo! Desde os noir franceses, até os e ação e drama russos!
Laís e Marina Mascari, em Efeito Borboleta: às vezes somem, mas sempre sabem de tudo!
Liz, em Os Delírios de Consumo Becky Bloom da sala, assim como eu!
Lucas de Aguiar, só podia ser o Jason, não é? Mas você não é sexta-feira 13 e sim sábado 14, pra sair do clichê!
Lucas Araújo, o músico, cheio de poesia, Penso em Letra e Música.
Mariana, para você, não tem filme, tem atriz: é a Julia Roberts, com o sorriso mais lindo, um talento incontestável e muito, muito brilhantismo!
Matheus Borges, O Guru do Sexo, que some do facebook para estudar, não é?
Nathália, A Órfã, mais conhecida como Esther... Ou Amelie Poulain, por sempre permitir-se sonhar!
Raphaela , vive no clima de filmes mudos, mas que falam pelo olhar e pela sensibilidade.

            Cada filme, cada pessoa, cada um de vocês personifica não apenas o que fizemos na escola, as nossas aulas. Personificamos, todos juntos, a promessa de vida, de alegria e de sucesso que nosso convívio construiu. Madonna declarou que é melhor viver um ano como um tigre, do que centenas de anos como uma ovelha. Porque a ovelha, submissa e sem personalidade, é mais uma na multidão de ovelhas, sem qualquer diferença. Já o lobo é a figura do individual, daquele que assume os riscos, que tenta, sem medo de errar, pois se erra, aprende e amadurece com isso, construindo um mundo com garra e energia. Vocês, aqui, são os lobos do mundo, não o lobo mau, dos contos de fada: mas esse lobo madônnico que acredita no próprio potencial e faz acontecer!
    Todos juntos, fizemos nosso filme: mas aqui, ninguém foi ator nem atriz, ninguém foi coadjuvante nessa narrativa. Somos todos roteiristas e diretores, protagonistas de uma fábula que começou com literatura e terminou com um lindo final feliz, cheio de amor.
Nosso filme, pessoal, o filme de nossa jornada, é A História Sem Fim!
Um beijão e amo vocês!