Quando eu era mais novo, todo dia era sempre o mesmo ritual, de sair de casa pensando em como me tornar invisível, como não ser notado na escola, para que os meninos maiores que eu não me provocassem, não me apontassem, ou rissem de mim. Meu maior desejo, naquela época, era o de ser transparente. Sempre me escondi nas pilhas de livros da biblioteca da escola e na sala de aula, durante todo o recreio. Raramente brincava com os colegas e só saía da sala quando era muito necessário.
Depois que cresci um pouco mais, na adolescência, quando comecei a me entender e a decifrar meus próprios símbolos, vi que precisava ir além da minha concha, pois criar uma capa dura e impenetrável (a timidez e a mudez) não me ajudariam em nada na vida. Soltei-me mais, comecei a fazer teatro na escola, entendi que o que eu sofria era mais do que pessoal: aqueles que me ofendiam precisavam exorcizar seus próprios demônios e eu era a bruxa escolhida por aqueles inquisidores medievais.
Foi mais ou menos quando percebi a única profissão que eu poderia seguir era a de professor. Naquele momento, vi que eu tinha de fazer tudo aquilo que meus professores não fizeram por mim: tentar enxergar um pouco mais os alunos, principalmente aqueles que não conseguem ter o direito de voz e libertá-los da angústia de se sentirem culpados por algo que não cometeram. Assim, eu tento ajudar não apenas os que passam pelas minhas aulas, mas ajudo também a um menino tímido, de grandes olhos azuis, que sempre sentou na primeira fila e tinha as melhores notas da turma: minha criança interior.
Acabei de assistir a esse vídeo, publicado no Facebook pela Pandora Boxx, uma drag queen americana, que na adolescência tentou se matar, mas graças aos deuses, não conseguiu. Declarou que sempre sofria bullying na TV americana, num reality show de drags, sendo eleita pelos USA como Miss Simpatia do programa. Ela, como eu, encontrou um meio de se libertar do bullying, do medo, do sentimento de culpa e da angústia ajudando os outros. Eis o link do vídeo:
VÍDEO DO JONAH
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