segunda-feira, 13 de junho de 2011

INCÊNDIOS - O FILME

Sábado, num frio macaense que motivava casacos, cobertores, vinho e um bom filme na TV, assisti ao filme Incêndios; indicação de Cláudia e Sérgio, casal de amigos que adoro. 
Eles recomendaram o filme com uma energia visceral, foram atingidos com um soco fílmico e queriam que eu também fosse abatido pela arte.
Pois foi exatamente o que me aconteceu. Após o filme - e uma garrafa de vinho - fiquei por vários minutos olhando a tela azul da TV, que me levava a tantos lugares que nem sei descrever.
O enredo: uma mãe que tem fama de louca, morre e deixa como testamenteiro seu patrão amável e fiel. O testamento: ser enterrada de costas para o mundo, sem caixão, nua. E uma obrigação para os dois filhos gêmeos: entregar duas cartas. Essas cartas são um mergulho no inconsciente de uma família que vem de algum lugar do Oriente Médio. O restante, é na tela.
... E o que me ficou? O que pode ser mais devastador no coração de nós, ocidentais e cristãos, do que desvendar o passado de nossa mãe, rasgar, incendiar, expor o ser humano por trás da figura materna freudiana?
Após ser espancado pelo filme, fui dormir. Não precisei sonhar naquela noite, já havia feito isso, durante os 130min do filme. No dia seguinte,minha mãe almoçou aqui em casa comigo. Olhei em seus olhos e vi um passado que eu não conheço, um passado que eu não participei, mas que me empurrou para a vida.
Depois disso, falo que Incêndios não é um filme apenas recomendado, mas obrigatório para todos os ocidentais lerem suas mães e, como já criara Almodóvar, saber "Tudo sobre minha mãe".








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