Li há algumas semanas o livro "A Biblioteca da Piscina", de Alan Hollinghurst. O livro conta a história de um jovem rapaz londrino, em plena efervescência, nos anos de 1968/69. A trama é de um gay aristocrático, que vive atormentado pela falta de perspectiva afetiva; entrega-se aos prazeres do amor descompromissado de banheiros públicos e boates fétidas. Mas ele acaba encontrando em um desses banheiros de pegação um senhor que sofre um infarto. A amizade dos dois toma rumos inesperados, e inicia-se, assim, uma peripécia que vai desde a África e o processo terrível de colonização à história da homossexualidade na Inglaterra e, lógico, como um jovem gay consegue pensar em si e em seu passado no meio do caos.
É um livro lindo, cheio de metáforas da vida de todos nós, seres humanos, seres pensantes, amantes, viventes.
E as cenas apimentadas valem o ritmo lento da narrativa. O final, com uma reviravolta à Sócrates, é o melhor.
Livro para todos lermos.
terça-feira, 14 de junho de 2011
segunda-feira, 13 de junho de 2011
INCÊNDIOS - O FILME
Sábado, num frio macaense que motivava casacos, cobertores, vinho e um bom filme na TV, assisti ao filme Incêndios; indicação de Cláudia e Sérgio, casal de amigos que adoro.
Eles recomendaram o filme com uma energia visceral, foram atingidos com um soco fílmico e queriam que eu também fosse abatido pela arte.
Pois foi exatamente o que me aconteceu. Após o filme - e uma garrafa de vinho - fiquei por vários minutos olhando a tela azul da TV, que me levava a tantos lugares que nem sei descrever.
O enredo: uma mãe que tem fama de louca, morre e deixa como testamenteiro seu patrão amável e fiel. O testamento: ser enterrada de costas para o mundo, sem caixão, nua. E uma obrigação para os dois filhos gêmeos: entregar duas cartas. Essas cartas são um mergulho no inconsciente de uma família que vem de algum lugar do Oriente Médio. O restante, é na tela.
... E o que me ficou? O que pode ser mais devastador no coração de nós, ocidentais e cristãos, do que desvendar o passado de nossa mãe, rasgar, incendiar, expor o ser humano por trás da figura materna freudiana?
Após ser espancado pelo filme, fui dormir. Não precisei sonhar naquela noite, já havia feito isso, durante os 130min do filme. No dia seguinte,minha mãe almoçou aqui em casa comigo. Olhei em seus olhos e vi um passado que eu não conheço, um passado que eu não participei, mas que me empurrou para a vida.
Depois disso, falo que Incêndios não é um filme apenas recomendado, mas obrigatório para todos os ocidentais lerem suas mães e, como já criara Almodóvar, saber "Tudo sobre minha mãe".
Eles recomendaram o filme com uma energia visceral, foram atingidos com um soco fílmico e queriam que eu também fosse abatido pela arte.
Pois foi exatamente o que me aconteceu. Após o filme - e uma garrafa de vinho - fiquei por vários minutos olhando a tela azul da TV, que me levava a tantos lugares que nem sei descrever.
O enredo: uma mãe que tem fama de louca, morre e deixa como testamenteiro seu patrão amável e fiel. O testamento: ser enterrada de costas para o mundo, sem caixão, nua. E uma obrigação para os dois filhos gêmeos: entregar duas cartas. Essas cartas são um mergulho no inconsciente de uma família que vem de algum lugar do Oriente Médio. O restante, é na tela.
... E o que me ficou? O que pode ser mais devastador no coração de nós, ocidentais e cristãos, do que desvendar o passado de nossa mãe, rasgar, incendiar, expor o ser humano por trás da figura materna freudiana?
Após ser espancado pelo filme, fui dormir. Não precisei sonhar naquela noite, já havia feito isso, durante os 130min do filme. No dia seguinte,minha mãe almoçou aqui em casa comigo. Olhei em seus olhos e vi um passado que eu não conheço, um passado que eu não participei, mas que me empurrou para a vida.
Depois disso, falo que Incêndios não é um filme apenas recomendado, mas obrigatório para todos os ocidentais lerem suas mães e, como já criara Almodóvar, saber "Tudo sobre minha mãe".
quarta-feira, 8 de junho de 2011
O BARBEIRO E DEUS
A querida amiga Ester me deu esse texto hoje, na escola. Reparto com todos, pela beleza da mensagem.
O homem foi a o barbeiro para cortar o cabelo, como ele sempre fazia. Começou a conversar com o barbeiro e falaram sobre vários assuntos.
Conversa vai, conversa vêm, eles começaram a falar sobre Deus. O barbeiro disse:
-Eu não acredito que exista como você diz.
-Por que você diz isto? O cliente perguntou.
-Bem, é muito simples. Você só precisa sair na rua para ver que Deus não existe. Se Deus existisse, você acha que existiriam tantas pessoas doentes e crianças abandonadas? Se Deus existisse não haveria dor ou sofrimento. Eu não consigo imaginar que Deus permita todas essas coisas.
O cliente pensou por um momento, mas ele não quis dar uma resposta para evitar uma discussão. O barbeiro terminou o trabalho e o cliente saiu. Neste momento, ele viu um homem na rua com barba e cabelos longos. Parecia que já fazia um bom tempo que ele não cortava o cabelo ou fazia uma barba.
Então o cliente voltou para a barbearia e disse ao barbeiro:
-Sabe de uma coisa os barbeiros não existem.
-Como assim, eles não existem? perguntou o barbeiro. Eu estou aqui e sou um barbeiro.
-Não exclamou o cliente. Eles não existem porque se existissem não existiriam pessoas com barba e cabelos longos, como aquele que esta andando ali na rua.
-Ah, mas barbeiros existem, o que acontece é que as pessoas não me procuram isso é uma opção delas.
-Exatamente afirmou o cliente. E justamente isso. Deus existe. O que acontece é que as pessoas não o procuram, pois isso é uma opção delas, e é por isso que há tanta dor e sofrimento no mundo.
O homem foi a o barbeiro para cortar o cabelo, como ele sempre fazia. Começou a conversar com o barbeiro e falaram sobre vários assuntos.
Conversa vai, conversa vêm, eles começaram a falar sobre Deus. O barbeiro disse:
-Eu não acredito que exista como você diz.
-Por que você diz isto? O cliente perguntou.
-Bem, é muito simples. Você só precisa sair na rua para ver que Deus não existe. Se Deus existisse, você acha que existiriam tantas pessoas doentes e crianças abandonadas? Se Deus existisse não haveria dor ou sofrimento. Eu não consigo imaginar que Deus permita todas essas coisas.
O cliente pensou por um momento, mas ele não quis dar uma resposta para evitar uma discussão. O barbeiro terminou o trabalho e o cliente saiu. Neste momento, ele viu um homem na rua com barba e cabelos longos. Parecia que já fazia um bom tempo que ele não cortava o cabelo ou fazia uma barba.
Então o cliente voltou para a barbearia e disse ao barbeiro:
-Sabe de uma coisa os barbeiros não existem.
-Como assim, eles não existem? perguntou o barbeiro. Eu estou aqui e sou um barbeiro.
-Não exclamou o cliente. Eles não existem porque se existissem não existiriam pessoas com barba e cabelos longos, como aquele que esta andando ali na rua.
-Ah, mas barbeiros existem, o que acontece é que as pessoas não me procuram isso é uma opção delas.
-Exatamente afirmou o cliente. E justamente isso. Deus existe. O que acontece é que as pessoas não o procuram, pois isso é uma opção delas, e é por isso que há tanta dor e sofrimento no mundo.
domingo, 5 de junho de 2011
UM TEXTO SEM A LETRA A
Recebi ontem este texto, por e-mail. Achei ótimo, pois foi todo escrito sem a letra A.
Sem nenhum tropeço, posso escrever o que quiser sem ele, pois rico é o português e fértil em recursos diversos, tudo permitindo, mesmo o que de início, e somente de início, se pode ter como impossível. Pode-se dizer tudo, com sentido completo, como se isto fosse mero ovo de Colombo.
Desde que se tente sem se pôr inibido, pode muito bem o leitor empreender este belo exercício, dentro do nosso fecundo e peregrino dizer português, puríssimo instrumento dos nossos melhores escritores e mestres do verso, instrumento que nos legou monumentos dignos de eterno e honroso reconhecimento
Trechos difíceis se resolvem com sinônimos. Observe-se bem: é certo que, em se querendo, esgrime-se sem limites com este divertimento instrutivo. Brinque-se mesmo com tudo. É um belíssimo esporte do intelecto, pois escrevemos o que quisermos sem o "E" ou sem o "I" ou sem o "O" e, conforme meu exclusivo desejo, escolherei outro, discorrendo livremente, por exemplo, sem o "P", "R" ou "F", ou o que quiser escolher. Podemos, em estilo corrente, repetir sempre um som ou mesmo escrever sem verbos.
Com o concurso de termos escolhidos, isso pode ir longe, escrevendo-se todo um discurso, um conto ou um livro inteiro sobre o que o leitor melhor preferir. Porém mesmo sem o uso pernóstico dos termos difíceis, muito e muito se prossegue do mesmo modo, discorrendo sobre o objeto escolhido, sem impedimentos. Deploro sempre ver moços deste século inconscientemente esquecerem e oprimirem nosso português, hoje culto e belo, querendo substituí-lo pelo inglês. Por quê?
Cultivemos nosso polifônico e fecundo verbo, doce e melodioso, porém incisivo e forte, messe de luminosos estilos, voz de muitos povos, escrínio de belos versos e de imenso porte, ninho de cisnes e de condores.
Honremos o que é nosso, ó moços estudiosos, escritores e professores. Honremos o digníssimo modo de dizer que nos legou um povo humilde, porém viril e cheio de sentimentos estéticos, pugilo de heróis e de nobres descobridores de mundos novos.
COMO CUIDAR DO SEU BEBÊ, VERSÃO PSICOPATA!
Minha querida amiga Leane, afetuosa e muito dedicada, mandou-me um e-mail com estas formas de criar um bebê. Achei ótimo para quem nunca foi pai, mãe, ou até ser humano! As técnicas são bastante objetivas e não há como errar. Se bem que algumas das opções funcionam melhor no sentido proibitivo.
BLOG NOVEAU, O DECADENTISMO
Resolvi atualizar o blog para a minha pesquisa e trouxe um pouquinho mais de decadentismo às suas imagens.
MAS O QUE É DECADENTISMO? Retirei este texto do Dicionário de Termos Literários
Créditos: José António Costa Idéias
MAS O QUE É DECADENTISMO? Retirei este texto do Dicionário de Termos Literários
Créditos: José António Costa Idéias
O conceito de decadência remete, originariamente, para um significado histórico-político e, numa acepção mais lata e algo “impressionista”, para uma atmosfera psicológica e moral (decorrente, em parte, de um particular contexto socioeconómico e político epocal onde confluem imagens e recordações da fase crepuscular de antigas civilizações) que caracterizou a cultura europeia (com acentuados reflexos e prolongamentos na América Latina e Estados-Unidos da América, por exemplo) do último quartel do século XIX. Nos quadros mentais da “Europa das Luzes”, particularmente em França, o conceito surge relacionado, pela primeira vez, com o declínio do Império Romano tardio (Montesquieu,Considérations sur les causes de la grandeur des romains et de leur décadence, 1734; edição definitiva em 1748), legitimando e reforçando os ditames da emergente racionalidade clássica. Posteriormente, nessa linha, poder-se-á ler o fragmentário Essai sur les causes et les effets de la perfection et de la décadence des lettres et des arts (1780-1790; título segundo a edição póstuma de Abel Lefranc, 1899) de André Chernier, ou ainda a obra de Désiré Nisard, historiador da literatura clássica, Etudes de moeurs et de critique sur les poètes latins de la décadence (1834), autor que compara a obra de Lucano, poeta maneirista latino, com a literatura do seu tempo, assinalando numerosas coincidências negativas na sobrecarga erudita, no uso pretensamente inexacto das palavras e nas complicadas figuras de estilo. Exemplos da formulação de juízos valorativos profundamente desvalorizadores da decadência, com base num pessimismo cultural que tem a sua génese numa interpretação histórica “descendente”, que entende a História como uma decadência gradual, desde o estado mítico do Paraíso e da “Idade do Ouro” até à queda final.
A sensação de viver numa época terminal perpassa por todo o século XIX, desde o romântico “mal du siècle”, a dolorosa consciência da vacuidade da vida (ennui) que é descrita magistralmente por A. de Musset (1810-1857) em La confession d’un enfant du siècle (1836), passando pelo baudelairiano spleen até ao decadente “Fin-de-Siècle”. Esta expressão, que numerosas línguas tomam emprestada do Francês (entrando, deste modo, no uso cultural internacional), designando, grosso modo, a passagem do século XIX para o nosso século, encontra-se em estreita relação com outras como “literatura decadente”, “literatura da decadência”, “decadismo”, “snobismo”, “diletantismo”. Em França foi modismo na designação da consciência decadente descrita e analisada por Ch. Nodier (1780-1844) já em princípios do século XIX. O sentimento cultural finissecular com ela relacionado, caracterizado pelo ostensivo pendor voluptuoso para a morbidez, impregnado de luxo e refinamento na busca de sensações novas, mais intensas, fruídas na temática extravagante e no requinte da forma, procedia de uma situação de tensão face ao contexto socio-económico e político. A consciência da ruína cultural da época encontra-se em estreita relação com a observação do ocaso do poder político. Em França, já Musset se lamentava do declínio do poder napoleónico. No nosso país, Antero de Quental (1842-1891), por seu turno, analisa, no âmbito de uma série de conferências no Casino Lisbonense, a 27 de Maio de 1871, as Causas da decadência dos povos peninsulares nos últimos três séculos (Prosas, vol. II, Coimbra, 1926), dando voz à ibérica ambiência agónica, numa reflexão sobre a problemática do declínio pátrio, peculiar tratamento tópico da decadência nacional, tão agudizado pela geração de 70 e a tarefa semelhante se consagra o espanhol Ángel Ganivet (1865-1898), considerado o percursor da geração de 98, em Espanha, na sua obra Idearum Español (1897). De facto, as análises pessimistas foram, em grande parte, confirmadas por acontecimentos políticos: a França perde a guerra de 1870/71 contra a Prússia-Alemanha, Portugal sofre a “vergonha” do Ultimatum inglês de 1890 (incidente diplomático com profundas repercussões no imaginário colectivo da época). A Espanha perde, em 1898, a guerra contra os Estados-Unidos. Apenas a Itália parece viver um eufórico sentimento de união política, com a conversão de Roma, em 1870, como capital de um país unificado.
No sentido mais restrito, a “decadência” é, no plano estético, uma corrente da literatura francesa desde meados do século XIX com o seu apogeu nos anos 80. No quadro da reacção irracionalista (o retorno ao onirismo, aos mitos, à imaginação, ao fantástico), espiritualista (catolicismo estético, rosa-crucianismo, budismo, por exemplo) e ocultista (magia, cabala, espiritismo, teosofia, quiromancia, astrologia) do fim-de-século contra o positivismo e o cientismo, o decadentismo integra uma lata e plural renovação estética, de teor antinaturalista e antiparnasiana, distinguindo-se como arte de crise correspondente a uma paradoxal atitude, dúbia e ambivalente, perante a sociedade urbano-industrial (miticamente percepcionada como processo de declínio irreversível, o finis Latinorium) e face aos efeitos da moderna racionalidade científica e pragmática, em que o materialismo burguês despontava como algo de abjecto. Daí a recusa do utilitário, de um praticismo social unicamente orientado para os valores mercantis e, como contraponto, a projecção para o “culto do eu” que, tanto no plano do estético como do vivencial, relevava a diferença entre a élite e as massas. Daí, igualmente, o culto exarcebado do artifício, do anti-natural (na tradição baudelairiana), do excesso, do decorativismo sensualista (a predominância dos universos de simulacro, a sofisticação ritualística dos objectos, o fascínio pela flora exótica ou artificial, o ludismo sinestésico, a sintaxe dos odores) e o culto do individualismo (expressão dum egotismo absoluto, clara hipertrofia do eu), a centripetação subjectiva (especularidade narcísica), a ficcionalização de um narcisismo paroxístico. Sob o primado destas tendências temático-formais (a que poderíamos acrescentar, entre outras, o amor ritualmente lascivo e inibitório, o fascínio pela figura ambivalente de Salomé tal como surgia nos quadros do pintor simbolista Gustave Moreau, o erotismo anómalo, a volúpia transgressiva do vício e do sangue, o imaginário nosológico, monstruoso e necrófilo) o decadentismo reclama o novo, pretendendo os estetas libertar a literatura e as artes das convenções da moral burguesa, conscientes que estavam da desilusão de um século que parecia ter esgotado todas as potencialidades de um romantismo reduzido a cinzas. Estes sentimentos encontraram fortíssima expressão literária na obra de J.-K Huysmans (1848-1907), particularmente em A rebours (1884) que, sob a influência tardia do pessimismo de Schopenhauer (1788-1860), empreende uma síntese intensificadora da estética decadente na criação da personagem Des Esseintes, paradigma do dândi finissecular. As representações mentais do “fin-de-siècle” pareciam, deste modo, corresponder à chamada “decadência” e difundir-se-iam, por volta do penúltimo decénio do século XIX , ultrapassando as fronteiras da área franco-belga, persistindo na Europa e na América Latina, ora até aos alvores do século XX (constituindo incontornável substrato da fermentação das estéticas da modernidade emergente, importante momento do conflito entre a modernidade estética pós-baudelairiana e a modernidade científico-sociológica de matriz iluminista), ora até ao imediato pós-Guerra. Representantes desta sensibilidade, exteriores à área linguística francófona, foram, entre outros, Hofmannsthal (1874-1929) na Áustria, Pascoli (1855-1912) e D’Annunzio (1863-1938) em Itália, W. Pater (1839-1894), E. Dowson (1867-1900) e O. Wilde (1854-1900) na Grã-Bretanha, Ramón del Valle-Inclán (1869-1936) em Espanha, os poetas hispanófonos do “modernismo”, do “modernisme” catalão e muitos autores do simbolismo e pós-simbolismo português (Eugénio de Castro, António Nobre, Cesário Verde, Afonso Lopes Vieira, João Barreira, Gomes Leal, entre outros). Em Portugal o decadentismo manifesta-se cedo, na tentativa de decidida modernidade inspirada no prólogo de Ch. Baudelaire e Th. Gautier, através da criação do imaginativo poeta Carlos Fradique Mendes, cujos poemas foram escritos por Antero de Quental e Eça de Queirós, germinando nos anos 80, consolidando-se e implantando-se entre 1889 e 1891 e atingindo o auge entre 1892 e 1902, constituindo a dominante da renovação literária finissecular promovida pelo grupo portuense de Os Nefelibatas e da Revista d’hoje (Raul Brandão, João Barreira, Júlio Brandão, D. João de Castro, entre outros) e por círculos das revistas coimbrãs Boémia Nova e Os Insubmissos (António Nobre, Alberto Osório de Castro, Alberto de Oliveira, Eugénio de Castro), acompanhados pela evolução literária de figuras como Gomes Leal e Fialho de Almeida que alcançam notória manifestação na poesia e na narrativa ficcional respectivamente, manifestando-se ainda, em parte, na novelística do modernista Mário de Sá-Carneiro, em inícios do nosso século. Em Espanha, o decadentismo foi “absorvido” pelo “modernismo”, fundado por Ruben Darío e, na área linguística do Catalão, a decadência, no sentido francês do termo, não se desenvolveu independentemente, mas como corrente tributária do “modernismo” e apenas durante um curto período de tempo (cf. J. Maragall, Estrofes decadentistas). “Decadència”, no sentido catalão, é basicamente uma designação hoje recusada, da época dos historiadores românticos catalães que pretenderam, deste modo, separar a sua própria época de renovação (“Renaixença”) da época de abatimento político da Catalunha (séculos XVI-XVIII). Influenciada pela “boémia” e por Ch. Baudelaire, entre 1860 e 1880, a Itália conhece a “Scapigliatura”, denominação devida ao romance homónimo de Carlo Righetti, Gli scapigliati (1826), um movimento que revela certas semelhanças com a decadência francesa na sua luta contra a moral burguesa e contra a estética classicista. No entanto, D’Annunzio revelar-se-á como o máximo representante do decadentismo no país transalpino. Poder-se-á dizer que o decadentismo antecede imediatamente o simbolismo, acompanhando-o, contudo, epigonalmente, miscigenando-se com tendências neo-românticas até se diluir em simbioses ornamentalistas no domínio das letras e das artes, esgotando, deste modo, o seu período de vigência histórica.
Bib
AA.VV., L’esprit de décadence, Paris, 1980 (vol.I), 1984 (vol.II); E. Ghidetti: Il Decadentismo (1977); Fernando Guimarães: Ficção e Narrativa no Simbolismo(1988); H. Hinterhaüse: Fin de siècle, Munique (1977); Jan Flechter (ed.):Decadence and the1890’s (1979); Jean Pierrot: L’Imaginaire décadent, Paris (1977); José Carlos Seabra Pereira: Decadentismo e Simbolismo na Poesia Portuguesa (1975); id.: História Crítica da Literatura Portuguesa (Do Fim-de-Século ao Modernismo), vol.VII (1995); Jósef Heistein: Décadentisme, Symbolisme, Avant-Garde dans les littératures européennes (1987); U. Horstman: Aesthetizismus und Decadenz (1983).
sábado, 4 de junho de 2011
O DIREITO DE RESPOSTA DA TRAVA!
Luiza Marilac, a top trava do momento, resolve responder ao público sobre seu vídeo na piscina...A resposta é, evidentemente, à altura!!!
E PAREM DE ME JOGAR PEDRAS!!!!
E PAREM DE ME JOGAR PEDRAS!!!!
JACK MCFARLAND E CHER
Uma das minhas cenas favoritas de Will and Grace... Eu, com certeza, tenho um pouquinho de Jack dentro de mim!
SIMULADO DE LITERATURA CBO
Galera, eis as matérias da prova!!!
PRIMEIRO ANO:
PRIMEIRO ANO:
- Literatura de Informação (carta de Caminha);
- Renascimento (Camões lírico e épico);
- Barroco ( características básicas, Gregório de Matos e Pe. Antonio Vieira);
SEGUNDO ANO:
- Machado de Assis (contos, Memórias Póstumas de Brás Cubas e Dom Casmurro)
TERCEIRO ANO:
A BUNDA DE DRUMMOND
Essa poesia é dedicada para meus queridos aluninhos do terceiro ano do CBO.
A bunda que engraçada (Carlos Drummond de Andrade)
A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica.
Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora – murmura a bunda – esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.
A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.
A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.
Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz
na carícia de ser e balançar.
Esferas harmoniosas sobre o caos.
A bunda é a bunda,
rebunda.
A bunda que engraçada (Carlos Drummond de Andrade)
A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica.
Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora – murmura a bunda – esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.
A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.
A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.
Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz
na carícia de ser e balançar.
Esferas harmoniosas sobre o caos.
A bunda é a bunda,
rebunda.
quarta-feira, 1 de junho de 2011
EMPURRA...
Uma piadinha para pensar na ambiguidade!
Altas horas da madrugada, o casal acorda ao som insistente da campainha da casa. O dono da casa levanta e pela janela pergunta:
- O que é que você quer?
- Olá, eu sei que é tarde - grita um homem - Mas preciso que alguém me empurre, e sua casa é a única nesta região. Você precisa me empurrar!
Louco da vida, o recém-acordado replica:
- Eu não te conheço, são 4 horas da manhã, e me pede para te ajudar? Ah! Vá te catar!
E ele volta para a cama.
Sua mulher, que também acordou, não gosta da atitude do marido:
- Você exagerou. Você já ficou sem bateria antes, você bem que poderia ajudar esse cara.
- Mas ele está bêbado - desculpa-se o marido.
- Mais um motivo para ajudá-lo - insiste a mulher - ele não vai conseguir sozinho. Você que sempre foi tão prestativo...
Tomado por remorsos, o marido se veste e vai para a rua. Procura o bêbado dizendo:
- Hei, cara, vou lhe ajudar! Onde é que você está?
E o bêbado gritando:
- Aqui, no balanço...
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